O que séria lazer, senão, um conjunto de ocupações das quais
os indivíduos podem entregar-se de livre vontade, seja ela, para repoudar,
divertir-se, recrear, entreter-se, ou ainda, desenvolver informações ou
formação desinteressada, ou participação social voluntária ou sua livre
capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais. Também pode-se definir ela como uma forma
de utilizar nosso tempo dedicando-se a uma atividade que gostamos de fazer, o
que não significa que seja sempre uma mesma atividade.
No
filme Tempos Modernos de Charles Chaplin (1936)Os Tempos
Modernos de Charles Chaplin & ndash; 70 anos de um clássico do cinema. Por:
Cesar Dutra Inácio*O anti-herói tragicômico Carlitos, em sua faceta trabalhador
industrial foi quem melhor traduziu a Grande Depressão (1929-1941) nos Estados
Unidos. Tempos Modernos sintetizou como ninguém o período histórico marcado pelo
desemprego em massa, queda acentuada do produto interno bruto em decorrência do
declínio da produção industrial e dos preços das ações subseqüente à Quebra da
Bolsa de Nova Iorque em 1929.
Reportando-se às péssimas condições de trabalho, as
árduas horas de trabalho e o desempenhar repetitivos movimentos, decorrente da
especialização da linha de produção fordista. A divisão de tarefas não é mais permitida
ao trabalhador saber o que está produzido: como trabalhador não participa das
demais etapas do processo produtivo ele perde a noção total de produto.
Deste modo, o trabalhador esquecer de sua vida
social, o onde o trabalhador não possui uma vida social, isto é, o sofrimento
físico ou mental, é fruto do processo de industrialização frenético em que o
trabalhador de várias atribuições, é na verdade a própria figura atormentada do
filme.
Em
uma cena do filme, em que o protagonista canta e dança ao som da música é o
mais próximo momento em que o funcionário pode, gozar da liberdade plena de sua
vontade, onde poderíamos identificar um momento de lazer do funcionário da
fábrica. Portanto, as pessoas acabavam sobrevivendo como se fossem máquinas, em
um cotidiano sem esperança, criatividade ou alegria, donde a única atividade
era a repetição de um par de gestos mecânicos simples.
Conclui-se O que poderia ser considerado como mais um dos vários momentos cômicos
do longa-metragem é mais uma crítica social, relacionada a sujeição do homem
contemporâneo a escravidão do relógio, com seus horários todos
pré-estabelecidos, com seu almoço ou seu jantar atrelados a determinados
momentos específicos do dia, mesmo que em alguns dias, não estejamos com fome;
com seu lazer estipulado para os finais de semana ou para as folgas alternadas
das escalas e turnos estabelecidos pelas empresas; com suas férias tendo que
ser vividas no prazo que for dado pelas companhias e assim vai, com os
ponteiros oprimindo a espontaneidade e a criatividade dos homens.
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